top of page

O improvável possível




A boa audácia é uma coisa linda. É a que arrisca. Pondera as perdas e os ganhos e, contra todas probabilidades, vai lá e faz. Sem olhar pros lados, sem hesitar. Isso normalmente acontece quando instintos e intuições ainda ocupam um lugarzinho de destaque nas nossas vidas.


Com o passar dos anos e para a grande maioria de nós, a boa audácia ligeirinho se transforma em prudência, que se transforma em condicionamento e, por fim, num sussurro constante nos nossos ouvidos - O que os outros vão pensar? E dizer? E se der errado? E se eu me atrapalhar? E sofrer? E o mico? Não ir by the book? No way. Medo.


É uma pena. Ou perda, individual e coletiva.


Por conta disso, quantos livros incríveis perdemos de ler? Quantas vozes lindas perdemos de ouvir? Quanta poesia calada? Quantas realizações contidas? Quantos amores desperdiçados? Quantas emoções silenciadas? Quanta beleza escondida? Quantos sonhos somente sonhados?


A boa notícia é que são tempos controversos os que estamos vivendo - aprisionam, mas dão sinais de também libertar.


Fomos chacoalhados - o contato diário com a finitude assusta. E sustos despertam algumas de nossas urgências, como o amor, os dons e as paixões tão protegidas e esquecidas. Se é isso, ou somente as horas a mais disponíveis, não sei. Mas tem coisa despontando por aí. Talentos e novas vibrações - de toda a matriz - têm vindo à tona. Afetos têm pressa. Liberdades para ser e escolher dão as costas ao senso comum. Comum para quem?


Se o improvável é também possível, só há um jeito de descobrir.


Passados anos da pandemia, tomara que estudiosos e pensadores possam traduzir esse momento triste da história como o que também fez pessoas e mais pessoas tomarem impulso para viver seus sonhos e verdades. À revelia de tantos e tantos cadeados.


Até.



Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page